quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Prisão e as Marcas de Caim

Estas são algumas frases que falamos e ouvimos todos os dias: "Fiquei transtornado". "Perdi o controle". "Não respondo por mim". "Você não sabe com quem está falando". "Meu sangue ferveu".
Imagina Deus aparecendo de surpresa num desses momentos de ataque de fúria falando bem calmo: "Meu filho, por que você está assim, tão transtornado? Por que o teu rosto está tão desfigurado? Por que tanta amargura no teu coração? Não há motivo para você estar assim."
Existe dentro de nos duas forças como se fossem duas feras. Chamamos a isso de duas naturezas. Uma boa e outra má. Nenhum de nós é totalmente bom nem totalmente mau.
Em nome do livre arbítrio, temos a liberdade de alimentar estas feras. Aquela que for melhor, irá prevalecer. Para alimentar uma ou outra, há o processo da escolha. A que escolhemos determina a nossa aceitação ou não diante de Deus.
Via de regra, achamos que a religiosidade do tipo ir à igreja todo os cultos, entregar dízimos e ofertas, vão nos aproximar mais de Deus. Não. Deus olha o homem pelo coração, as demais coisas são conseqüências. "Deus não aceitou nem Caim, nem a sua oferta."
Caim ficou fora de controle e começou a alimentar a sua fera; o seu lado mau. A ira é, muitas vezes, o começo de algum ato precipitado.
Jesus diz algo muito interessante nesse assunto: "Portanto, se você for ao altar para dar a sua oferta a Deus e se lembrar ali de que seu irmão tem alguma queixa contra você, deixe a oferta diante do altar e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e dê a oferta a Deus." Mt. 5:23-24. O altar retratado aqui pode ser a igreja.
Há algo monstruoso dentro do ser humano. Em alguns mais do que em outros.
"Vou matar esse sujeito." Pesado isso, não? Caim levou à prática o que havia planejado em seu coração. Um desejo mau. Calculou tudo. Convidou seu irmão para dar um passeio no campo e o matou sem dó nem piedade.
Quanta gente levando a oferta ao altar e enquanto oferece sacrifício, calunia, tem inveja e no seu coração cultiva o ódio.
Naquelas reuniões que mais parecem tribunais de inquisição é possível ver de tudo. Injuriar, caluniar, condenar são os verbos mais conjugados. Esquecem que os fracos precisam de ajuda; os doentes precisam de médicos e os caídos dependem de uma mão amiga que levante para a cura e não para a condenação. Enquanto há alegria no céu por um pecador que se arrepende, nos tribunais dos homens há "justiça" a qualquer custo, mesmo que seja para mostrar serviço para os hipócritas de plantão. Parece que há alegria quando alguém é mandado para a forca. Os fracos estão caídos à beira do caminho gritando por socorro, pedindo por misericórdia, mas continuam vendo as pessoas, inclusive seus acusadores, passando ao longe.
Voltando a Caim, ele recebeu a devida punição da parte de Deus:" Será andarilho sobre a terra."
Caim argumentou dizendo: "Senhor, quem me encontrar, certamente me matará."
Deus pune, mas não abandona. Ele tem sob sua vista os fracos, os tristes, os fracassados, os solitários, os desesperados. Seguindo essa lógica divina, Deus diz a Caim: "Isso não vai acontecer. Pois, se alguém matar você, serão mortas sete pessoas da sua família, como vingança."
Deus colocou um sinal em Caim, para que se alguém o encontrasse, não o matasse.
Que sinal é esse? É a marca da presença protetora de Deus.
Caim começou a andar como se tivesse usando aquela tornozeleira semelhante àquela que as autoridades americanas usam para deixar a pessoa presa dentro da sua própria casa, sendo vigiada dia e noite. É uma forma de controlar as pessoas que têm dívidas com a justiça.
A marca colocada em Caim tinha dois significados distintos:
1- A marca invisível era a lembrança do seu pecado.
2-A marca visível lembrava a proteção do Senhor. "Ninguém toca nele, senão vai se ver comigo."
Às vezes acho que a igreja firma sua teologia no paradoxo. Vive ao contrário do que ensina a Palavra de Deus. Pune e joga fora. Deixa o punido a mercê do inimigo. Pobre irmão, tem que lutar sozinho se quiser voltar ao lugar de onde o tiraram. Esse caminho é muito defícil quando não se tem ajuda. Cadê a igreja? Onde estão os condenadores? Devem estar ocupados em alguma reunião estudando a forma de julgar, disciplinar e excluir mais alguns, afinal, o número dos salvos já deve estar completo. "Melhor que não volte", dizem alguns. Em algum lugar ainda é possível ouvir Jesus dizer: "Aquele que vier a mim, de modo algum jogarei fora." É mais fácil ver a marca invisível, jogar a primeira pedra em lugar de ver a marca visível do amor e da misericórdia de Jesus.
Temos que ter sempre em mente de que apenas o nosso pecado, seja qual for, nunca será tão grande que o Senhor Jesus não possa perdoá-lo. Mesmo presos como Caim, Deus nos julga merecedores da marca de Cristo.
Deus não desistiu de Caim.
Deus não desiste de mim.
Deus jamais vai desistir de você.
Nós temos a marca de Cristo.

Pr. Estível