quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

"O EVANGELHO MALTRAPILHO"

Tive o privilégio de receber como presente de um grande amigo, Pr. Saulo Gonçalves, este livro. "O Evangelho Maltrapilho" é daqules livros que nos faz quebrar todos os paradigmas do SER igreja. Dá vontade de ler numa sentada só e a cada parágrafo nos sentimos atingidos no fundo da alma pelo escritor Brennan Manning. De cara ele diz que o livro não foi escrito para os superespirituais. "Não é para os zelotes ardentes que se gabam com o jovem rico dos Evangelhos: "Guardo todos esses mandamentos desde a minha juventude."
Numa época em que a hipocrisia subiu aos púlpitos é hora de repensar não a fé, mas o papel das igrejas diante da sociedade. Ele afirma ainda: "O Evangelho maltrapilho é para os homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos limitados."
Como estará o Mestre Jesus vendo tudo isso? De um lado, grupos que se denominam igreja moderna, contextualizada; do outro, os donos da verdade que ensinam que o caminho para o céu tem que passar por eles. Só se salva quem passa por lá. Uma meia duzia de donos de igrejas fazendo dos púlpitos um palanque político e da religião um meio de vida, enquanto milhões de pessoas morrem diariamente sem conhecer Jesus.
"A Igreja só é igreja quando o é para os de fora." (D.B.). Como diz Karl Barth de forma consciente: "A Comissão recebida pela igreja é sua própria vida e por isso a própria razão de ser da igreja depende de sua submissão à comissão dada por Cristo." Uma igreja que nega sua missão e assume outro papel, não é, na verdade, igreja.
Fico me perguntando se existe outro lugar onde há tanta gente ferida, magoada, triste, desconfiada como há na igreja? Você já pensou nisso? Igreja é lugar de cura, mas quantas pessoas que não se curam estão sentadas todos os cultos bem ali nos velhos bancos há anos.
Parece um paradoxo, mas vejo tanta gente que mesmo na igreja, procura ajuda psicológica e até psiquiátrica para curar os traumas adquiridos com profissionais fora da igreja. Vejo pastores que ministram cura para a igreja enquanto os próprios membros sabem que ele também está ferido, magoado, triste, precisando ser tratado. A despeito disso, Morton Kelsey escreveu: "A igreja não é um museu para santos, mas um hospital para pecadores." Deus não apenas me ama como eu sou, mas também me conhece como sou. Quanto mais pobre e necessitado somos, mais Deus se compadece de nós. Conta uma lenda que certo cristão ao orar pediu: ""Caríssimo Deus, tenho um único desejo na vida. Dá-me a graça de jamais ofender-te novamente." Ao que Deus respondeu: "É o que todos pedem. Mas se eu concedesse essa graça a todos, me diga, quem restaria para eu perdoar?"
Ficamos assustados quando lemos as estatísticas dando conta de que as prisões estão cheias de filhos de crentes. De pessoas que abandonaram a fé. Afirmam que 70% dos presidiários são ex-evangélicos. Assustador, não? Sim. O que está acontecendo com os "donos" de igreja? Os mesmos que se colocam acima do bem e do mal sempre prontos a acusar, condenar e caluniar? Bem, eles estão ocupados demais para cuidar dos feridos. A igreja tem se tornado como um Exército que abandona seus soldados feridos no campo de batalha. Pela graça de Deus, alguns conseguem se libertar, dão a volta por cima e percebem que o amor de Jesus é maior que a hipocrisia.
Brennan Manning conclui com essas inspiradoras palavras: "O futuro espiritual dos maltrapilhos consiste não em negar que somos pecadores, mas em aceitar essa verdade com clareza crescente, regozijando-nos no incrível anseio de Deus de nos resgatar a despeito de tudo."
Feliz é o homem que sabe como Paulo: "Que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus." Gl. 2:16.
Continuamos nossa caminhada certos de que nada nos separará do amor de Deus, como diz Paulo: "Nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem as potestades nem o presente, nem o porvir, nem a altura nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." Rm 8: 38-39.

2 comentários:

Silvio Gonçalves disse...

É justamente essa a sensação q tenho quando me aproximo do Senhor, de ser um maltrapilho. Entendo que recebo o que não mereço e não recebo o que realmente deveria. Percebo que o amo mais do que qualquer coisa, sinto o seu amor e sou fortalecido. Vejo que ele me compreende e me aceita. Que esse amor maravilhoso seja vivido e compartilhado pela igreja do Senhor a milhões de maltrapilhos carentes ao redor do mundo.

j.carlos disse...

ÀS vezes acontece conosco, que movidos pelas conveções, valorizamos mais a instituição do que o membro.